
FICHA TÉCNICA
Título: Transamérica Ano: 2005 Gênero: Comédia Dramática
Direção: Duncan Tucker Roteiro: Duncan Tucker
Elenco: Burt Young, Elizabeth Peña, Felicity Huffman, Fionnula Flanagan, Graham Greene, Kevin Zegers Produção: Linda Moran, Rene Bastian, Sebastian Dungan Fotografia: Stephen Kazmierski Trilha Sonora: David Mansfield
Duração: 103 min.
O filme conta a historia de Bree – diminutivo de Sabrina - , (Felicity Huffman), uma Transexual que está contando os dias para realizar o sonho de fazer sua cirurgia de mudança de sexo, quando descobre que tem um filho. O garoto, Toby (Kevin Zegers), é agora um adolescente que sonha encontrar o pai que nunca conheceu. O menino vem vivenciando uma série de complicações em sua trajetória e se encontra em uma instituição para menores infratores, o mesmo se dedicava a pequenos furtos e se prostituía. A instituição entra em contato com Bree - outrora Stanley - para assumir a custódia do garoto de 17 anos, já que sua mãe tinha morrido. Ao saber dos problemas do garoto, Bree fala a sua psicóloga que só quer conhecê-lo depois que fizer a operação, porém a médica discorda e manda-a resolver essa questão da paternidade para garantir que ela não mudará de ideia depois que realizar a cirurgia.
Diante das circunstâncias, Bree decide ir ao encontro do garoto que a confunde com uma missionária religiosa. Sem alternativa, Bree tenta reestabelecer os laços familiares - que conta com um padrasto que o abusava sexualmente e uma vizinha negra que o ajudava na infância, ela percebe que será impossível deixa-lo nesse ambiente hostil. Depois de descobrir os motivos que fizeram o jovem afastar-se do convívio familiar depois da morte da mãe, os dois passam a viajar juntos e a se
conhecerem. O interessante é que Bree passa a tratar Toby como sendo uma “mãe”, valorizando-o e estimulando-o a tentar seguir com seus sonhos, se desvinculando das drogas e da prostituição.
Nessa viagem de carro Bree sai para urinar e Toby descobre que ela não era “uma mulher” de verdade. Passa a tratá-la com frieza até explodir que ela era uma aberração. A personagem se sente totalmente ofendida e ferida na sua dignidade de ser considerada uma aberração pelo seu “transtorno de Gênero”, termo da psiquiatria que atesta o gênero no corpo errado, ou seja, aqueles que não sentem o desejo de cumprir o seu destino biológico determinado. Percebemos as dificuldades da personagem em vestir-se, de manter o sistema hormonal controlado por sintéticos, mas Bree é de uma humanidade – no bom sentido - maravilhosa.
Ela procura estabelecer os vínculos com o rapaz pelos motivos certos. Quando eles chegam ao lar da família de Bree, que assume a paternidade de Toby perante seus pais e irmã e demonstra que deseja que o menino seja respeitado e valorizado, mesmo sem considerar a possibilidade de revelar que ele é seu pai biológico, podemos perceber as relações tumultuadas com a dominadora matriarca que se nega a aceitar que seu filho faça a tal cirurgia, para se tornar aquilo que Bree afirma ser o que sempre foi. Uma alma feminina, delicada, sensível, sempre disposta superar os males da vida e reconsiderar sua trajetória. A aceitação do pai de Bree, a reticência da irmã e a negação chantagista da mãe dessa trans foi uma surpresa para explicitar as relações de amor e dor no seio dessa família de classe média alta.
Durante as conversas na casa da mãe de Bree, ela convida Toby para ir morar com ela, deixa isso ao encargo dele escolher. No entanto Toby busca oferecer-lhe aquilo que ele diz que “melhor sabe fazer” considerando o interesse de Bree como sendo de cunho sexual. Diante disso ela decide revelar-lhe a verdade de ser o pai dele, antes de assumir-se trans. O garoto sente o choque, pois na sua ilusão de criança, o pai é o seu herói esperado, que vai salvá-lo de seus dias difíceis, além de revelar-se o índio que ele esperava. Ao invés de um pai, uma mãe, ao invés de um índio, um descendente de judeu, não a toa o menino foge novamente. Volta-se para o cinema pornô - Toby dizia a Bree que quando fosse conhecer o pai, teria feito um filme e compraria umas roupas caras para impressionar - mas a semente do amor e do respeito que Bree plantou, germinou... lindo o final, pois mesmo toby dizendo que não o tinha perdoado, a entrega daquele chapéu foi um gesto simbólico e forte dos laços fortes que somente o amor e o respeito mútuo podem construir e o que mais temos de bom na humanidade, advindo daqueles que pagam o preço para serem quem verdadeiramente são.
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