terça-feira, 4 de agosto de 2015
Camille Claudel
FICHA TÉCNICA TÍTULO NO BRASIL: Camille Claudel TÍTULO ORIGINAL: Camille Claudel DIREÇÃO: Bruno Nuytten GÊNERO: Drama. ANO: 1988. PAÍS: FRANÇA DURAÇÃO: 175 min. ELENCO: Isabelle Adjani, Gérard Depardieu , Madeleine Robinson , Laurent Grévill Philippe Clévenot Katrine Boorman Maxime Leroux Danièle Lebrun Jean-Pierre Sentier Roger Planchon Aurelle Doazan Madeleine Marie Alain Cuny ...
O filme retrata a vida e a obra da escultora francesa Camille Claudel (08/12/1864 – 19/10/1943). Oriunda de uma família pequeno burguesa, Camille sempre nutriu a paixão pelas artes plásticas, especialmente a área de escultura. Por meio desse trabalho, ela vai conhece o escultor, já reconhecido, Auguste Rodin e consegue tornar-se sua discípula. Trabalhando duro no ateliê, ela se sobressai. Então começa uma relação conflituosa de amor e paixão entre ambos que vai perdurar por anos. Quando ela se transforma em amante do mestre (que já era casado), cai em desgraça junto à sociedade parisiense, embora tenha amigos do porte do compositor Claude Debussy. Rodin já possuía fama de seduzir suas assistentes; mesmo sabendo disso, o amor pela arte acaba aproximando os dois.
Ele a convida oficialmente para ir com ele para Paris e ela aceita passando de "pessoa" à "indivíduo", deixa para trás a crítica de toda uma sociedade e busca a sua vontade individual. Porém, no momento em que, mesmo em Paris, ela é hostilizada por ser amante de Rodin ela começa a abdicar de algumas de suas vontades - até pelo próprio Rodin, que admitia seu talento, porém vendo-o como uma extensão do seu - ela retorna ao posto de pessoa, pois ela continua a agir de acordo com as leis que a sociedade impõe, ela passa a seguir as regras do mundo onde vive, passa a prezar a totalidade social à qual se vincula, sofrendo um “sombreamento” de Rodin, ele sim, o reconhecido.
Dentro do núcleo familiar, apesar de amar o pai e ele expressar sua afeição por ela, Camille tinha uma ligação forte com seu único irmão homem, o escritor Paul Claudel. Jovem anarquista, Paul almejava ser poeta, pois era apaixonado pelas poesias de Arthur Rimbaud, um dos expoentes do Modernismo. Depois de passado os anos ele se converte ao catolicismo e se adapta a sociedade. A mãe de Camille sempre deixava claro sua ojeriza a escultores e a criticava por seguir essa “vocação”.
O romance com Rodin perdurou até a descoberta de estava grávida. Pressiona então ele para que deixe a esposa. Rodin deixa claro que não deixará sua esposa para viver com ela e aí a ruptura se torna inevitável. Acabou abortando, por escolha própria. Depois de desaparecer por dias, ela reaparece, produz uma obra prima digna de um mestre. Ao contemplar o seu talento, os homens para negar sua maestria, disseram que ela era uma bruxa. O trabalho passa a ser o catalizador do seu talento.
Passa a esculpir crianças e uma idosa. Uma nova forma de expressão diferente do que fazia desde então. Rodin reaparece para procurá-la num breve tempo de frágil equilíbrio e mais uma vez ela “balança” e mostra seu trabalho para ele. A dor expressa nas suas esculturas desagrada Rodin e ele a critica duramente por ter mudado seu estilo. Pior do que isso: exige que ela submeta a sua expressão estética ao seu olhar de criticidade e aprovação. Fazendo isso, ele a reduz ao seu lugar social de “mulher”, não a mestre que ele sabia que ela era. Medo talvez de a pupila sobrepujar a arte do mestre, como realmente Camille o faz. Ao contrário de Rodin que sempre valorizou não só o artístico, mas também a remuneração pelo trabalho e produção em larga escala, Camille se nega a vender sua arte dessa maneira tão “capitalista”. Nesse quesito ela se ver diante da nova fase da arte perante o século XX. A arte como maneira de se replicar infinitamente uma peça do original, gerando enormes lucros.
Depois de muitas frustrações, abuso de álcool, tristeza e solidão em demasia, ela compromete sua produção tornando-se “irresponsável” para com seu curador. Seu irmão Paul que se tornara um austero católico praticante “que encontrou a Deus” começa a vislumbrar nas atitudes da sua irmã, a loucura iminente. No fim da vida ela apresenta claros sinais de distúrbios depressivos, inclusive destruindo o próprio trabalho. Destruindo seu trabalho, ela se mostra autodestrutiva.
No meu ponto de vista, percebo essa "loucura" como o que hoje chamamos de 'depressão'. Camille certamente não teve alguém que diagnosticasse este problema e talvez propusesse uma solução para o seu caso como na atualidade, por meio de tratamentos químicos ou psicológicos, justamente pelo falto de que esta doença, ainda, nem era conhecida como tal. Apesar de ter sido diagnosticada como louca Camille era um espírito livre e uma artista de primeira grandeza. Nas suas cartas ela se autodenomina no exílio, desejosa de voltar para casa, fato esse que não ocorreu.
Acredito que ela desejava se adaptar a sociedade de seu tempo- pois ela deseja que Rodin deixe a esposa e case-se com ela -, mas ela sempre se sentia estranha quando o fazia. Tinha o espírito selvagem daqueles que não se deixam ser apreendidos. A única forma de eliminar o problema que ela representava era a excluindo do meio social. Ela não se rendeu ao fervor religioso como seu irmão, disse que seria a mesma, mesmo desprovida de fé. Uma mulher forte que não soube lidar de forma racional com suas emoções e que se autopuniu por ter vivido um amor em toda sua plenitude de vida, coisa para poucos. Em 10 de março de 1913 ela é recolhida ao manicômio. Depois de 30 anos de confinamento, soterrada viva, consciente do que sua família fez, finalmente morreu. Para se ter uma ideia, ela não era mencionada por ninguém da família, até que uma sobrinha neta se interessou em fazer um resgate da ancestral maldita da família, isso com considerável resistência do meio familiar.Camille Claudel foi grande, mestra na arte que expressava seu espírito livre, arte essa que continua transcendendo por gerações.
REFERENCIAS:
http://www.youtube.com/watch?v=fsGAVYfG1XM
http://www.youtube.com/watch?v=Gq_dloKa-fM
http://3.bp.blogspot.com/-eWccjLpGprA/URIG02QizGI/AAAAAAAAC7M/QGeRQJ2jae4/s1600/camille-claudel.jpeg
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