segunda-feira, 4 de abril de 2016

Senhora das tempestades

Ganhei esse presente muito digno do meu amigo LD. Para que saiba que pra mim é valiosa essa dádiva, está aqui registrada.





A escuridão tenaz
Fazendo o mar agitar
Nem sempre contumaz
Causa de tanto desespero

A obscura maldade
Relampejando a mente
Ondas de perversidades
Sabotando a cara decisão

A trama vinha do interior
O instinto materno sua guia
A intuição sua espada samurai
Era inegavelmente certeira




De olhos fechados sabia ver
Os inimigos nunca a surpreendiam
Seus sentidos nunca se perdiam
Entre a cumplicidade da alvorada

Adoradora das tempestades
O dilúvio urbano a fortalecia
Montanhas invisíveis aprendeu escalar
Nos muros, montes da ignorância tornou-se sábia

Ainda que a esfaqueassem com palavras
Ainda que a contaminassem com ciúmes
Ainda que a estuprassem por fora
Correntes, cadeados, algemas não a detia

O tempo, único Senhor dela, a protegia
Das armadilhas das invejas, estupidez humana
Jamais alcançavam suas vísceras
Ninguém era capaz de mudar seu destino

Aprendiz dos disfarces, era sorrateira
Aprendiz de feitiçaria, filha dos raios e trovões
Recusava qualquer sofrimento
Aprendiz do tempo era devota
Da deusa sensualidade

Ainda na terna idade aprendeu
Manipulava com perfeição sua energia
Fez do sexo mental evolução
Aprisionando iludidos homens

Na arte ilusionista era tudo para eles
De dama à puta num segundo
De sereia à vadia usando fantasias
De vagabunda à madame com maestria

Num dia incerto chorou
Sentiu o peso do mundo
Chorou tanto que transbordou em rio
Belas cachoeiras nasceram de suas lágrimas
Matando a sede das mulheres solitárias

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terça-feira, 1 de dezembro de 2015

A Odisseia


A Odisseia é um dos dois principais poemas épicos da Grécia Antiga, escrito por Homero. Esse épico relata o regresso de Ulisses, o humano guerreiro e herói da Guerra de Troia. Essa é a principal proposição, contar a história do “herói de mil estratagemas que tanto vagueou. Depois de ter destruído a acrópole sagrada de Troia, que viu cidades e conheceu costumes de tantos homens e que no mar padeceu mil tormentos, quando lutava pela vida e pelo regresso dos seus companheiros”.
Ulisses levou dezessete anos para chegar a sua terra Ítaca, depois da Guerra de Troia, que durou por sua vez, dez anos. Vejamos o percurso dessa obra maravilhosa que alcança séculos de leitores e admiradores de todas as partes do mundo e que estabeleceu um dos firmes pilares da identidade cultural do povo grego e fincou suas firmes influências no desenvolver de todo o pensamento ocidental.

Personagens Principais:
Odisseu ou Ulisses para os latinos: Rei de Ítaca, filho de Laerte e Anticleia, pai de Telêmaco, marido de Penélope. Odisseu é um guerreiro grego modelo de destemor, força, coragem, inteligência e que se diz independente dos deuses. No final de seu trajeto dificílimo, ele admite o oposto.
Penélope: Esposa de Odisseu, mãe de Telêmaco. A rainha que tece a vestimenta de dia e a desfaz no tear de noite para angariar tempo e não ceder a pressão de escolher pretendente para ocupar o trono vago de seu esposo.
Telêmaco: Filho de Odisseu e Penélope, símbolo da virtude Piedade – aquele que tudo faz pela família, sendo fiel aos deuses e que se importa com a coletividade.
Laerte: Pai de criação de Odisseu, esposo de Anticleia que já se achava grávida e um homem de idade avançada.
Anticleia: mãe de Odisseu, esposa de Laerte, estranhamente apegada a Odisseu, comete suicídio quando o mesmo parte para a guerra, por não suportar sua falta.
Atena: Deusa protetora de Odisseu
Poseidon: Deus dos mares e espírito de oposição ao sucesso de Odisseu
Laocoontes: O sábio vidente de Troia
Calipso: Ninfa do mar, uma poderosa feiticeira que detinha poder sobre a vida e a morte. Apaixonada por Odisseu lhe propõe e imortalidade em troca de seu amor.
Zeus: o Senhor do Olimpo e Deus dos deuses.
Euricleia: velha ama de Odisseu
Eurímaco: Um dos pretendentes de Penélope.
Nestor: rei dos Pilos.
Pisístrato: Filho de Nestor.
Menelau: Rei de Esparta e marido de Helena
Helena: a mulher de estonteante beleza, esposa de Menelau e a causadora do conflito da Guerra de Troia, por ter sido raptada por Páris.
Hermes: o deus mensageiro
Nausícaa: Filha de Alcinoo, rei dos Feácios
Aedo: Proclamadores de epopeias e declamadores profissionais
Circe: poderosa feiticeira que transformava homens em animais
Hades: rei do domínio sombrio dos mortos
Tirésias: sábio cego, que morto ainda profetiza a Odisseu na região abissal
Sereias: mulheres aves de belo canto

A obra incompleta está composta de XXIV Cantos ou Rapsódias.

Canto I: Breve invocação-proposição e inicio da narração
Concílio dos deuses que, reunidos no Olimpo, na ausência de Poseidon, decide que Odisseu, retido por Calipso na ilha Ogigia, regresse a Ítaca. Por sugestão de Atena, o jovem Telêmaco parte em busca de noticias do pai.

Canto II: Telêmaco convoca a Assembleia de Ítaca para ir a Pilos e Esparta. A deusa Atena disfarçada de Mentor o acompanha.

Canto III: São recebidos no palácio de Nestor em Pilos, esse conta-lhes o fim de Agamenone os aconselha a ir a Esparta falar com Menelau.

Canto IV: recebidos em Esparta, passam a conhecer como foi o fim da Guerra de Troia e as circunstâncias do regresso de Menelau. Nesse ínterim, os pretendentes de Penélope em Ítaca armam uma emboscada para Telêmaco.

Canto V: Hermes, designado pelos deuses, chega a Ogigia e fala que a ninfa Calipso deixe Odisseu regressar a Ítaca. Esse então constrói uma jangada e lança-se ao mar, mas é perseguido por Poseidon e acaba naufragando junto a costa dos Feácios, Esquéria.

Canto VI: a jovem princesa Nausícaa, filha do rei Alcinoo vai lavar roupa no rio com as Aias e se depara com Odisseu a quem oferece pronta ajuda, dirigindo-lhe para o palácio real.

Canto VII: Como suplicante Odisseu se dirije a rainha Arete pedindo-lhe ajuda para regressarão seu país e recebe a promessa de ajuda e a hospitalidade.

Canto VIII: Prepara-se um navio que conduzirá Odisseu e é oferecido um banquete. Demódoco o aedo cego canta a “contenda entre Odisseu e Aquiles”. Atingido pelas lembranças, Odisseu chora. Seguem-se os jogos oferecidos por Alcinoo; depois Demódoco volta ao canto com a “história dos amores de Ares e Afrodite”. Trocam-se presentes de hospitalidade. Depois na mesma noite Odisseu pede a Demódoco que lhe cante a “história do cavalo de madeira” e de novo se emociona.

Canto IX: Odisseu revela sua identidade e, a pedido dos Feácios, inicia sua narração das suas aventuras: os lestrigões, lotófagos e o ciclope.

Canto X: continuação da narrativa na ilha de Circe.

Canto XI: Odisseu desce aos infernos para consultar o vidente cego Tirésias, para saber se regressaria a sua Ítaca; fala com heróis e heroínas da Guerra de Troia.

Canto XII: Os episódios das sereias, das vacas do sol e a advertência do oráculo sobre o deus Hélio.

Canto XIII: os marinheiros deixam Odisseu adormecido na sua ilha de Ítaca e partem. Seu navio se petrifica no mar por vingança de Poseidon. Odisseu articula a volta e a vingança dos pretendentes e disfarça-se de mendigo.

Canto XIV: eumeu guardador de porcos do palácio de Odisseu, o recebe porém não o reconhece.

Canto XV: Telêmaco regressa e, com a ajuda de Atena, evita a emboscada dos pretendentes de Penélope.

Canto XVI: Na cabana de Eumeu, enquanto esse foi alertar a Penélope sobre o regresso do filho, Telêmaco é reconhecido por Odisseu.

Canto XVII: Odisseu só foi reconhecido pelo seu velho cão que morre em seguida ao seu retorno. Todos recebem mal o mendigo
Canto XVIII: discussão seguida de uma cena de luta entre Odisseu e um conhecido mendigo de Ítaca de nome Iro. Penélope entusiasma seus pretendentes a darem presentes, prometendo que decidirá em breve qual será o escolhido.

Canto XIX: Odisseu, sem ser reconhecido, garante a Penélope que o dono da casa está para chegar. Euricleia, a antiga ama de Odisseu, lava-lhe os pés e o reconhece por uma cicatriz. Penélope anuncia seu plano para finalmente escolher um dos pretendentes para marido; estranhamente parece ter desistido de esperar pelo regresso de Odisseu.

Canto XX: durante o festim dos pretendentes, sempre insolentes, Odisseu é insultado e maltratado.

Canto XXI: Penélope traz o arco de Odisseu. Terá a sua mão aquele que conseguir fazer passar uma seta pelos buracos de doze machados enfileirados. Só a habilidade militar de Odisseu conseguiria tal feito. E somente ele disfarçado de mendigo acerta.

Canto XXII: Odisseu com a ajuda de Telêmaco do porqueiro e do boiero massacra seus oponentes e maus servidores. Os pretendentes que sobrevivem pedem perdão e prontificam-se a indenizar Odisseu por todo o mal cometido, mas esse permanece inflexível. São poupados apenas o aedo, Fémio e o arauto, enquanto esse massacre perdurou, Penélope dormiu tranquilamente.

Canto XXIII: Penélope reconhece Odisseu somente após esse revelar-lhe segredos de alcova, coisas de cunho íntimo conjugal que somente os dois sabiam.

Canto XXIV: As almas dos pretendentes mortos são conduzidas por Hermes para o Hades. Odisseu visita seu pai Laerte e ao lado do seu filho luta contra as famílias dos pretendentes mortos. A deusa Atena abençoa Odisseu e estabelece a paz.




segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Músico e poeta me conquista fácil.



No princípio era o verso.
E o verso fez-se
Dístico,
Hai-kai,
Trova,
Sextilha,
Glosa,
Soneto...

Diversificando-se
Heroicamente lírico
Libertou-se.

O diverso faz bem ao verso!

Manuel de Azevedo

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Reflexões para a vida


NOSSO capricho, NOSSA ilusão, NOSSA miopia.
Entendendo isto, seriamos mais harmoniosos! (a gente lê isso, acha lindo e.....SÓ! Aí, depois a gente morre...)


VERDADE
A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.
Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os dois meios perfis não coincidiam.
Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram a um lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em duas metades,
diferentes uma da outra.
Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
As duas eram totalmente belas.
Mas carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Carlos Drummond de Andrade ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

RETÓRICA EM PAUTA





Significado de Retórica: Literalmente a arte/técnica de bem falar, de usar uma linguagem para comunicar de forma eficaz e persuasiva.
Aristóteles foi o responsável por sistematizar a retórica decompondo-a em quatro partes: a invenção, a disposição, a elocução e a ação.
A invenção seria a busca, pelo orador, de todos os argumentos e meios de persuasão relativos ao tema do seu discurso. A disposição consiste na ordenação desses argumentos no qual resultará a organização interna do discurso. A elocução diz respeito à redação escrita do discurso, ao estilo propriamente dito. Por último vem a ação, que seria a proferição ou enunciação efetiva do discurso com tudo que ele pode implicar em termos de efeito de voz, mímicas e gestos.
Segundo os antigos, são três os gêneros do discurso: judiciário, deliberativo (ou político) e epidícto. O judiciário tem como auditório o tribunal; o deliberativo, a Assembléia (Senado); o epidícto, expectadores.
Também são três os tipos de argumentos definidos por Aristóteles: ethos, pathos e logus. O ethos é o caráter que o orador deve assumir a fim de obter a credibilidade, a confiança do auditório. O pathos é o conjunto de emoções e sentimentos que o orador deve causar no auditório por meio do seu discurso. O logus refere-se à argumentação propriamente dita do discurso. É o aspecto dialético da retórica.
São dois os tipos de provas: extrínsecas e intrínsecas.
As provas extrínsecas são apresentadas antes da invenção: testemunhas, leis, confissões, etc. enquanto que as provas intrínsecas são aquelas criadas pelo próprio orador, tomando por base seu talento pessoal.
O plano-tipo mais clássico ao qual se recorre para fazer o discurso divide-se em quatro partes: exórdio, narração, confirmação e peroração.
O Exórdio é a parte que inicia o discurso e sua função é fazer com que o auditório seja atento e compreensivo.
A narração é a exposição, aparentemente objetiva, dos fatos referentes à causa. É sempre orientada de acordo com as necessidades da acusação ou da defesa.
A confirmação é a parte mais longa. É o conjunto das provas, acrescido de uma refutação, que destrói os argumentos do oponente.
A Peroração é aquilo que é posto no fim do discurso, podendo ser bastante longa. Divide-se em várias partes, dentre elas: a amplificação, a paixão e a recapitulação.
Dentre as quatro partes da retórica, a elocução é aquela que é a mais própria ao orador. Nela reside sua identidade, sua marca pessoal. É o ponto onde a retórica encontra a literatura. Deve obedecer à algumas regras como: escolher o estilo mais adequado ao assunto, ter clareza no seu discurso, adaptando seu estilo ao auditório e ser vivaz, dinâmico, atento em seu discurso.

A ação é o arremate do trabalho retórico, a articulação do discurso. Sem ela o discurso não atingiria o público. Por meio da ação, o orador consegue parecer o que ele quer parecer. Torna-se um verdadeiro ator, podendo até exprimir sentimentos os quais não está sentindo, de fato.


Estamos vivendo dias de escassez de oradores dotados de recursos argumentativos e de retórica pujante. Principalmente no âmbito político.

Referências:

Aristóteles. Retórica. 2.ed.Lisboa: biblioteca de autores clássicos, 2005, Vol. VIII, Tomo I.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

OS 5 ESTÁGIOS PSÍQUICO SEGUNDO KLUBER ROSS



Segundo KUBLER ROSS negação, raiva, depressão, negociação (ou barganha) e aceitação são estágios na evolução psíquica de uma pessoa diante do reconhecimento de que sofre de doença grave ou incurável. Mas isso pode ser possível diante de outros fatores enfrentados na vida cotidiana. Nem todos experimentam todos os estágios, e estes também não seguem uma ordem lógica.

O primeiro estágio: Negação e/ou isolamento - “Não, eu não, não pode ser verdade”. É um dos mecanismos de defesa mais freqüentes por meio do qual a pessoa se protege contra o impacto total do evento. Ajuda a suavizar o impacto de que a perda ou morte são inevitáveis.

O segundo estágio: Raiva - “Não, não é verdade. Porque eu?” A raiva é expressa diante da compreensão de que poderá morrer. Às vezes a cólera poderá ser dirigida a um alvo inadequado. Em vez de ter raiva do que o médico lhe diz, tem raiva do próprio médico.

O terceiro estágio: Barganha / Negociação - “Está bem, mas...” Aceita-se o fato, porém, quer fazer acordos por mais algum tempo. É uma tentativa de adiamento; tem de incluir um prêmio oferecido por um bom comportamento.

O quarto estágio: Depressão - “Sim eu”. Primeiro lamenta-se as coisas do passado, as coisas que não viveu. Depois entra em estado de dor preparatória.

O quinto estágio: Aceitação - “Minha hora está próxima e agora está tudo bem” ou " Tenho que resolver, mais cedo ou mais tarde". KLUBER ROSS descreve este estágio como não feliz, mas tampouco infeliz. É isento de sentimento, mas não é resignação. A pessoa decide que deve superar a barreira da melhor forma possível.


Muitas vezes experimentamos estes estágios em situações corriqueiras de nossas vidas. De certa forma, somos todos terminais, pois nascemos e morremos todos os dias. Casamos, entramos para a faculdade, um trabalho novo, uma cidade nova, insatisfações pessoais, enfim situações que implicam em ganhar/perder, deixar o velho e abrir-se para o novo. Quem não sentiu o impulso de barganhar durante um regime alimentar ou mesmo quando se vê em uma situação que parece não ter solução visível e ai solta um "eu prometo nunca mais"?..

Esse é o ciclo natural da evolução psíquica. Nossa mente é brilhante, quando saudável sempre lança mão dos nossos mecanismos naturais de proteção. Tomamos conhecimento daquilo que suportamos, podemos negar, barganhar, sublimar e assim nos mantermos em equilíbrio. Desta forma trocamos insegurança e medo por fé e coragem, evoluindo na espiral da energia criativa da vida...

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Camille Claudel


FICHA TÉCNICA TÍTULO NO BRASIL: Camille Claudel TÍTULO ORIGINAL: Camille Claudel DIREÇÃO: Bruno Nuytten GÊNERO: Drama. ANO: 1988. PAÍS: FRANÇA DURAÇÃO: 175 min. ELENCO: Isabelle Adjani, Gérard Depardieu , Madeleine Robinson , Laurent Grévill Philippe Clévenot Katrine Boorman Maxime Leroux Danièle Lebrun Jean-Pierre Sentier Roger Planchon Aurelle Doazan Madeleine Marie Alain Cuny ...

O filme retrata a vida e a obra da escultora francesa Camille Claudel (08/12/1864 – 19/10/1943). Oriunda de uma família pequeno burguesa, Camille sempre nutriu a paixão pelas artes plásticas, especialmente a área de escultura. Por meio desse trabalho, ela vai conhece o escultor, já reconhecido, Auguste Rodin e consegue tornar-se sua discípula. Trabalhando duro no ateliê, ela se sobressai. Então começa uma relação conflituosa de amor e paixão entre ambos que vai perdurar por anos. Quando ela se transforma em amante do mestre (que já era casado), cai em desgraça junto à sociedade parisiense, embora tenha amigos do porte do compositor Claude Debussy. Rodin já possuía fama de seduzir suas assistentes; mesmo sabendo disso, o amor pela arte acaba aproximando os dois.

Ele a convida oficialmente para ir com ele para Paris e ela aceita passando de "pessoa" à "indivíduo", deixa para trás a crítica de toda uma sociedade e busca a sua vontade individual. Porém, no momento em que, mesmo em Paris, ela é hostilizada por ser amante de Rodin ela começa a abdicar de algumas de suas vontades - até pelo próprio Rodin, que admitia seu talento, porém vendo-o como uma extensão do seu - ela retorna ao posto de pessoa, pois ela continua a agir de acordo com as leis que a sociedade impõe, ela passa a seguir as regras do mundo onde vive, passa a prezar a totalidade social à qual se vincula, sofrendo um “sombreamento” de Rodin, ele sim, o reconhecido.

Dentro do núcleo familiar, apesar de amar o pai e ele expressar sua afeição por ela, Camille tinha uma ligação forte com seu único irmão homem, o escritor Paul Claudel. Jovem anarquista, Paul almejava ser poeta, pois era apaixonado pelas poesias de Arthur Rimbaud, um dos expoentes do Modernismo. Depois de passado os anos ele se converte ao catolicismo e se adapta a sociedade. A mãe de Camille sempre deixava claro sua ojeriza a escultores e a criticava por seguir essa “vocação”.

O romance com Rodin perdurou até a descoberta de estava grávida. Pressiona então ele para que deixe a esposa. Rodin deixa claro que não deixará sua esposa para viver com ela e aí a ruptura se torna inevitável. Acabou abortando, por escolha própria. Depois de desaparecer por dias, ela reaparece, produz uma obra prima digna de um mestre. Ao contemplar o seu talento, os homens para negar sua maestria, disseram que ela era uma bruxa. O trabalho passa a ser o catalizador do seu talento.


Passa a esculpir crianças e uma idosa. Uma nova forma de expressão diferente do que fazia desde então. Rodin reaparece para procurá-la num breve tempo de frágil equilíbrio e mais uma vez ela “balança” e mostra seu trabalho para ele. A dor expressa nas suas esculturas desagrada Rodin e ele a critica duramente por ter mudado seu estilo. Pior do que isso: exige que ela submeta a sua expressão estética ao seu olhar de criticidade e aprovação. Fazendo isso, ele a reduz ao seu lugar social de “mulher”, não a mestre que ele sabia que ela era. Medo talvez de a pupila sobrepujar a arte do mestre, como realmente Camille o faz. Ao contrário de Rodin que sempre valorizou não só o artístico, mas também a remuneração pelo trabalho e produção em larga escala, Camille se nega a vender sua arte dessa maneira tão “capitalista”. Nesse quesito ela se ver diante da nova fase da arte perante o século XX. A arte como maneira de se replicar infinitamente uma peça do original, gerando enormes lucros.

Depois de muitas frustrações, abuso de álcool, tristeza e solidão em demasia, ela compromete sua produção tornando-se “irresponsável” para com seu curador. Seu irmão Paul que se tornara um austero católico praticante “que encontrou a Deus” começa a vislumbrar nas atitudes da sua irmã, a loucura iminente. No fim da vida ela apresenta claros sinais de distúrbios depressivos, inclusive destruindo o próprio trabalho. Destruindo seu trabalho, ela se mostra autodestrutiva.
No meu ponto de vista, percebo essa "loucura" como o que hoje chamamos de 'depressão'. Camille certamente não teve alguém que diagnosticasse este problema e talvez propusesse uma solução para o seu caso como na atualidade, por meio de tratamentos químicos ou psicológicos, justamente pelo falto de que esta doença, ainda, nem era conhecida como tal. Apesar de ter sido diagnosticada como louca Camille era um espírito livre e uma artista de primeira grandeza. Nas suas cartas ela se autodenomina no exílio, desejosa de voltar para casa, fato esse que não ocorreu.

Acredito que ela desejava se adaptar a sociedade de seu tempo- pois ela deseja que Rodin deixe a esposa e case-se com ela -, mas ela sempre se sentia estranha quando o fazia. Tinha o espírito selvagem daqueles que não se deixam ser apreendidos. A única forma de eliminar o problema que ela representava era a excluindo do meio social. Ela não se rendeu ao fervor religioso como seu irmão, disse que seria a mesma, mesmo desprovida de fé. Uma mulher forte que não soube lidar de forma racional com suas emoções e que se autopuniu por ter vivido um amor em toda sua plenitude de vida, coisa para poucos. Em 10 de março de 1913 ela é recolhida ao manicômio. Depois de 30 anos de confinamento, soterrada viva, consciente do que sua família fez, finalmente morreu. Para se ter uma ideia, ela não era mencionada por ninguém da família, até que uma sobrinha neta se interessou em fazer um resgate da ancestral maldita da família, isso com considerável resistência do meio familiar.Camille Claudel foi grande, mestra na arte que expressava seu espírito livre, arte essa que continua transcendendo por gerações.

REFERENCIAS:

http://www.youtube.com/watch?v=fsGAVYfG1XM

http://www.youtube.com/watch?v=Gq_dloKa-fM

http://3.bp.blogspot.com/-eWccjLpGprA/URIG02QizGI/AAAAAAAAC7M/QGeRQJ2jae4/s1600/camille-claudel.jpeg